domingo, novembro 08, 2009

EU CONTRA OS GAMES MORTAIS.

Minha irmã tá fanática pelo tal de Jogos Mortais, toda a série de filmes. Que decepção... Seu gênero é vendido em todo o lugar (cinemas, locadoras, internet) como terror mas é qualquer coisa entre o policial e o suspense. Coitado do terror, originário muitos dizem dos contos dos Irmãos Grimm ou Poe, um gênero fantástico, o gênero mais completo do cinema. Você acorda e está preso em lugar desconhecido, todo amarrado, tem que usar a cabeça antes do prazo do tempo acabar para decifrar o enigma e se manter vivo (o básico desses filmes aí acima). Só aí já tiraram a metade do barato da coisa.




O legal é ver o clima todo construído, o assassino serial expreitando, as tentativas de capturar a vítima, até conseguir capturá-la. Criar esse clima é uma arte. Em cada país há um gênio que moldou essa idéia nos anos 60, o inglês Hitchcock nos EUA com seus filmes Psicose ou Frenesi (ou etc etc etc), George Romero no mesmo país com A Noite dos Mortos Vivos (só para constar), ou José Mojica Marins no Brasil com seu Zé do Caixão em 1963 com À Meia-Noite Levarei Sua Alma.

Aí criou-se por alguns desses filmes um sub-gênero do terror, no meio dessa confusão toda, o giallo (assassino em série, sangue, violência). Não dá pra levar a sério por muito tempo, óbvio. Todo gênero sofre desgaste e além disso surgem os "engraçadinhos" com conteúdo. Décadas depois já é a entrada nos anos oitenta e seus Sexta-feira 13, Freddy Krueger etc. Eram giallos mas com algo diferente, para isso aumentava o assassinato em série, o sangue, a violência, e viraram slasher (+ um sub-gênero), mas depois entrava até comédia na coisa, e surgiram os terrir (+um)! As mortes pediam para ser cada vez mais criativas, engenhosas, ousadas. A maquiagem, a cenografia, a técnica, a criação artezanal aliada à tecnologia da época fervilhava em criatividade. Os filmes de zumbis só nessa parte já eram curiosos e mereciam destaque. Em um deles, dos anos 80, criaram um boneco morto-vivo engenhoso que possuía metade do corpo em cima de uma mesa e se movia todo, abria os olhos, a boca, com raiva, tudo de forma eletrônica, não era uma pessoa comandando embaixo ou cordas o puxando. Quero ver Jogos Mortais fazer igual.


Bem ou mal, os terrir cansaram o terror, não dava mais pra fazer terror sério com uma avalanche deles e seus assassinos tragicômicos. Daí veio 1996 com Pânico, seu assassino e sua homenagem ao gênero, que acabou retornando com força no cinema americano (no oriental estava em alta) e determinava que não podia ser 100% levado à sério. Veio em 1999 o indiano sério e bem vestido O Sexto Sentido. Pra ser sério, tinha que ser bem construído. Os americanos viram uma mina de ouro também nas refilmagens dos orientais, vieram O Grito, O Chamado, o terror voltou. Bem abaixo dos orientais mas valeu conferir em todo o caso. Voltando aos assassinos seriais, pipocaram filmes deles no mundo todo, baseados em histórias reais ou não, com pitadas de humor (Olhos Famintos, Pânico na Floresta, Viagem Maldita) ou referências à literatura (O Xangô de Baker Street, Do Além), sempre algo além do básico. Teve até O Albergue que zoneia com o gênero. Esse ano o grande Sam Raimi voltou ao estilo que o consagrou como diretor, nos anos 80/90 da série sangrenta Evil Dead, com o divertido e excelente Arraste-me Para O Inferno, trazendo ação, aventura, drama, comédia e, claro, muito, muito, muito terror, em um único filme!

Mas o que é que me deu de falar disso tudo? Comparado aos outros terrores, coisa que ele nem é, o tal dos Jogos Mortais só merece uma única frase final de comentário, é fraco, forçado, mal feito e caça-níquel sem somar nada à seu gênero, seja qual for ele, porque terror não é, conta outra...