segunda-feira, setembro 20, 2021

EU CONTRA A REALIDADE (sonho 1): O estranho caso do cachorro humano

Chegamos à tardinha na casa dos meus pais. No final de semana do meu aniversário resolvemos ir pra lá e chegar um pouco antes do anoitecer porque, por volta desses dias, eu tinha visto nas redes sociais que estava acontecendo uma onda de assaltos a lojas no período da noite, naquele distrito onde eles moram. Antes eles moravam de veraneio e, nesses últimos 21 anos, fixaram naquela residência. Com a pandemia, há vários meses eu não saía de casa mas, agora com as doses da vacina já recebidas, estava bem mais tranquilo para ir ver meus pais: de acordo com estudo científico londrino, as pessoas totalmente vacinadas tem 3 vezes menos o risco de serem diagnosticadas com covid-19 e transmitem bem menos o vírus.

Após descer do carro e guardar a mochila dentro de casa, eu fui no quintal - a parte de trás da casa - e estava anoitecendo. Tinham novos cachorros que eu não conhecia e não dava pra ver nada muito bem. Fiquei olhando os diferentes cachorros brincando no quintal e tinha um que não se movia muito, ficava parado e distante, próximo do muro branco que rodeava as fronteiras do quintal. Quando finalmente se moveu, eu achei estranho porque parecia que andava apenas em 2 patas. Iluminei o local com a lanterna do celular e vi um... CACHORRO HUMANO!


Chamei ele, disse pra não ter medo. Passaram uns minutos até aproximar-se de mim aquela figura incrivelmente bizarra. Tirou um cobertor branco que servia de fantasia e me disse que morava no quintal junto com os cachorros há algumas semanas, por causa da comida e do abrigo! Entrei em casa para perguntar a minha mãe se sabia que tinha um mendigo morando no quintal e ela disse que pegaram por engano o mendigo na rua pensando que era um cachorro, pois pegavam os cachorros de rua para criar no quintal e vigiar a casa, após os muitos crimes que estavam acontecendo na região. Voltei e conversei com o mendigo sobre a vida dele e o que ele pretendia fazer para o futuro, incluindo os seus propósitos de vida. Conversa vai conversa vem, ele me perguntou como reconheci que ele não era cachorro mas sim humano. Eu disse que era Biólogo, fiz cursos e provavelmente por isso que eu conseguia saber a diferença, mesmo estando longe, escuro e difícil de enxergar por ser noite. Foi neste momento que o ex-CACHORRO HUMANO me pediu que ficasse mais um tempo, mais alguns dias vivendo no quintal, ao invés de voltar a morar na rua no dia seguinte.

Comovido com toda esta história, fui falar com a minha mãe para ver a possibilidade dele ficar conosco mais alguns dias, ali na casa dela, pois ela tinha dito que o expulsaria no dia seguinte. Ouvindo o barulho do carro, fui supreendido: naquele momento ela estava saindo com meu pai, meu cunhado e minha irmã de carro. Ao falar a todos para terem muito cuidado porque li notícias que estava tendo muitos assaltos na região, eles quatro dentro do carro pegaram máscaras de palhaço e botaram no rosto, dizendo para eu não me preocupar porque a partir de agora eles estavam saindo de máscara e não seriam identificados pela polícia! Horas depois, a polícia ligou dizendo que eles foram presos e foi assim que o fiel cachorro-humano acabou ficando mais tempo conosco, morando em nosso quintal. Fim.

segunda-feira, janeiro 04, 2021

EU CONTRA O FIM. - 2

Ah mas eu não acredito nisso..

Fabinho, meu primo, era a tradução e tradição viva do carioca: pipa e futebol na rua, muitos amigos e querido por todos, fazia uns bicos pra (sobre)viver, e aquela cervejinha no bar. Sempre tive inveja de quem cresceu dessa forma, solta, quem foi moleque, quem viveu de verdade. E ele foi um eterno moleque. Pra mim, essa alegria acho que ele puxou em muito da mãe Maria. E isso, essa alegria solta, transbordava em risos. Tinha uma risada que nunca vou esquecer. E deixou pra gente a saudade.