domingo, janeiro 11, 2009

EU CONTRA VOCÊ EU SE FOSSE VOCÊ EU 2.


Diretor Domingos Oliveira alfineta colega Daniel Filho (por Heloisa Tolipan)

Na praça desde o último dia 2 de janeiro, o filme Se eu fosse você 2, de Daniel Filho, após quatro dias em exibição, conseguiu atingir a maior bilheteria brasileira de estréia desde a Retomada: um público de 570 mil pessoas, com arrecadação de R$ 8 milhões.

Do outro lado da balança, o longa Juventude, de Domingos Oliveira, alcançou números mais modestos, chegando a 20 mil espectadores após duas semanas em cartaz.
Detalhe: enquanto a fita de Daniel não é lá uma grande unanimidade entre os críticos, a de Domingos teve sua seda muito bem rasgada por onde passou.

A despeito da discussão sobre "filme bom" ou "filme ruim", fica no ar a questão: o que leva duas produções assinadas por dois grandes nomes terem desempenhos tão diferentes? Foi tentando dar um empurrãozinho nas nuvens que embaçam o raciocínio da coluna que batemos um papo com Domingos Oliveira.

O filme de Daniel Filho já obteve a melhor bilheteria de estréia desde 1995, enquanto o seu, após 15 dias em cartaz, está chegando a 20 mil espectadores. Qual a explicação para esta disparidade? Primeiramente, deixo claro que estou muito feliz pelo meu amigo. Ele é muito competetente, todos sabem. Apenas não se arrisca em mares mais profundos. Acredito que tudo se explica pela lógica errada que utilizada para calcular o desempenho de um filme. É preciso relativizar a bilheteria pelo número de cópias distribuídas. Juventude estreou em quatro salas. Enquanto o filme do Daniel entrou em cartaz em 330. Se você fizer o cálculo proporcional, vai ver que não estou muito distante dele.

Qual a lógica de distribuição de um longa no Brasil?

Existe o mito de que filme nacional deve ter ator de televisão. Não é bem assim. O púbico brasileiro quer coisas novas, não quer ver o que já conhece. Não há uma fórmula de sucesso. Mas acredito que o cinema de arte é a chave para o cinema brasileiro chegar ao mercado externo. Dificilmente uma fita do Daniel teria uma boa recepção no exterior.

O que você define como "cinema de arte"?

Não gosto muito desse termo, na verdade, porque há uma carga de aristocracia nele. Mas, em resumo, o filme de arte é comunicativo e profundo. O Brasil precisa de filmes com novidades, sobre assuntos que interessam. Esta deveria ser a linha ética da produção de cinema no país. Mas, infelizmente, estamos muito distantes disso.

Para 2009, há a expectativa de reformulação da Lei da Meia Entrada. Qual sua opinião sobre o assunto?

O ministro (da Cultura) Juca Ferreira parece ser bem intencionado, mas não começou muito bem no cargo. O que se deve discutir não é a questão da meia entrada. O Brasil só vai começar a se destacar com cinema quando este for subvencionado. Regulado como um mercado qualquer. Lá fora isso é muito comum. Aqui há essa aura de intocabilidade da sétima arte que inviabiliza a subvenção. É tudo tão complicado que, confesso, ao ver meu filme elogiadíssimo chegando a meros 20 mil espectadores bate um desânimo.

Mas o que faz você continuar, então?

Se não filmar, fico pensando na morte. Por isso continuo.

E o que vem pela frente?

Fim de semana que vem estréia minha peça, O apocalipse segundo Domingos Oliveira, na Casa de Cultura Laura Alvim. Eu tinha escrito o papel de Deus pensando em mim como protagonista, mas meu assistente de direção, Matheus Souza, me convenceu de que faria o personagem muito melhor do que eu. Ele, que já provou ser um cineasta promissor (Matheus foi aclamado por crítica e público no último Festival do Rio com o filme Apenas o fim), mostrou que tem futuro atuando também. Matheus é um fenômeno que me faz lembrar Pedro Cardoso no início de carreira. Incrível.

(JB Online)

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Eu, se eu fosse você, escolheria ver filmes diferentes da maioria que se tem notícia, ouviria músicas diferentes daquelas que tocam no rádio, assistiria algo diferente de novelas, iria a lugares diferentes que apenas shoppings e lojas. Pode ser interessante. Você pode se surpreender.

Pegue um ônibus diferente esse ano. Feliz 2009

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